O princípio básico de gerar lucro aos acionistas sempre foi e continuará a ser debatido pelos economistas. Ainda assim, a geração de valor para os stakeholders com os desafios do Covid-19, concomitantemente com a responsabilidade corporativa sendo cada vez mais debatida pelo mercado, afirmo, que se antes era importante o tema da sustentabilidade, agora se tornou primordial para a perenidade nos negócios. As siglas em inglês E (Environmental), S (Social) e G (Governance) ressurgiram com muita força após a pandemia, mostrando aos empresários que a utilização dos seus princípios em ESG na raiz de seus negócios, só os beneficiará aumentando a lucratividade.

O tema da sustentabilidade desde os anos 2.000, trouxe a importância da responsabilidade socio-ambiental para que as empresas tenham uma melhor performance em seus negócios. Não somente por questões da nossa legislação ambiental que pune o poluidor nas esferas administrativa, judicial e principalmente criminal; mas sim também, em uma visão holística sobre a responsabilidade social (e não apenas a filantropia) e , trazendo o viés econômico nos diversos capitais: humano, intelectual, tecnológico, diversidade, dentre outros.

Os relatórios de sustentabilidade com base no GRI, já apresentavam KPI´s de ESG. Recentemente muito se discute, a qual advogo desta tese, que as empresas devem gerar seu Relatório não somente os assuntos financeiros, mas também os não financeiros (ESG) de forma integrada. Portanto, o formato de Relatório Integrado, deve constar de forma sintética os informes em ESG, levando em consideração a materialidade do que for divulgado frente aos seus principais indicadores de performance (KPI´s). Não se trata de uma faculdade do Conselho de Administração (empresas Sociedade Anônima) e/ou Sócios-Quotistas (empresas de Responsabilidade Limitada) divulgarem seus informes e Relatórios, mas sim, de uma obrigação, conforme a Lei das S/As. Por equiparação se aplicam as empresas de Responsabilidade Limitada, bem como a outras formas de associações conforme nosso Código Civil, na obrigatoriedade da transparência na divulgação dos Relatórios. O Relatório Integrado ajuda não só as empresas a redefinirem seus propósitos, mas sim também, abre oportunidades de novos negócios rentáveis, graças aos princípios da ESG.

Ainda no que tange a lucratividade no ESG, as empresas devem mapear em TODOS os seus departamentos os riscos e oportunidades, sim, digo oportunidades de negócios, que possam aproveitar estes princípios para gerar rentabilidade em seu core business. Com tal mapeamento o empresário consegue vislumbrar através de uma matriz de risco o que de fato é importante analisar no dia-a-dia dos seus negócios, quer seja, se trata de uma Matriz de Materialidade como gosto de chamar junto aos meus clientes. Devemos levar em consideração também o desenvolvimento sustentável, que pode ser bem resumido pela agenda dos 17 ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU. Objetivos esses que permeiam e embasam os critérios de ESG.

As empresas devem buscar seguir a Matriz de Materialidade, amparada pelos princípios da ESG, pois esta contribui para que os produtos e serviços estejam cada vez mais alinhados com a sustentabilidade. Os Entes, quer sejam públicos e/ou privados, do primeiro, segundo e terceiro setores que não adotarem o modelo sustentável, tendem a não mais serem competidores no mercado. Vale ressaltar que qualquer tipo de empresa, independentemente do segmento, deve apresentar boas práticas de ESG, afim de brilhar os olhos dos seus stakeholders e principalmente os principais atores nesta cena que são: o cliente e os acionistas.

Mapear, implementar e enraizar ESG não se trata de um simples processo com ações isoladas. Se trata de um processo complexo, em que tais diretrizes devem partir da alta administração para que esta consiga garantir a perenidade na cultura da empresa.

Pós Covid-19, diversos indicadores e pesquisas aqui no Brasil, quer sejam e não se limitando à Fundação Getúlio Vargas (FGV), Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e demais Institutos de Pesquisa, demonstram claramente que o consumidor passou a ficar muito mais atento e engajado às empresas que praticam ESG (demonstrando NOVO propósito e consumo responsável) em seus negócios, passando portanto a fidelizar a marca como preferida.

Diante a isso, o ESG deve ser encarado como uma ferramenta estratégica que traz em seu bojo maior lucratividade para as empresas e minimiza os seus riscos.

Agora, considerar aspectos socioambientais e de governança, ESG, significa abrir mão de rentabilidade?

Internacionalmente este tema já foi debatido exaustivamente e na prática investidores internacionais, como por exemplo a Black Rock, tem punido, sim PUNIDO, empresas que não sigam os ditames do ESG. Ainda assim, principal acordo global para intercâmbio de práticas responsáveis na decisão de investimentos é o PRI (sigla para Principles of Responsible Investment), criado em 2005 no âmbito das Nações Unidas, apresenta um crescimento exponencial da sua rede de investidores, atingindo mais de 3000 signatários e mais de US$ 10 trilhões de ativos sob gestão. Em algumas regiões, como na Austrália e na Europa, os ativos que passam por alguma estratégia de investimento responsável chegam a ultrapassar 50% dos mercados de capitais de suas regiões. Que tal nos atentarmos ao ESG?

Caso o tema da ESG não esteja em sua bússola como métrica para valorização da sua empresa, listo abaixo algumas vantagens ao implementar tais princípios:

  • Melhora a lucratividade;
  • Matriz do BSC (Kaplon e Norton) ao mensurar os processos internos das empresas em seus aspectos financeiros, apresenta a importância do ESG para o lucro nas empresas;
  • Retêm e atrai talentos;
  • Reduz incidentes ambientais;
  • Aumenta a produtividade dos colaboradores;
  • REDUZ custo operacional (FAP-RAT);
  • Valoriza o ativo intangível (marca) frente aos consumidores e investidores;
  • Facilidade na implementação de novos projetos;
  • Facilita a gestão frente a matriz de risco;
  • Fundos de Investimentos brasileiros e estrangeiros tem fundos para ESG;
  • Multas Milionárias (Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD) – Legislação em vigor em maio de 2021;
  • Lei Anticorrupção – penas criminais, administrativas e cíveis – A empresa deve ter (comprovar) um Programa de Integridade (Governança);

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 Você já cogitou a hipótese de NÃO ter ESG em sua empresa?

O ESG se tornou uma visão de CURTO prazo, onde a comunicação assertiva e positiva das lideranças com todos os seus interlocutores – pares, equipes, consumidores, comunidade, investidores, governos – passa a ser prioritária para colocar em prática o que está inserido nesta simples sigla ESG: a garantia da perenidade nos negócios para esta e para as próximas gerações.


Marcelo Leme – Moraes Leme Consultoria – (11) 9.9688-2238 

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