Como a aplicação de consciência ecológica sobre um material bruto pode revolucionar o setor de construção civil residencial e aliviar a pressão sobre a natureza e a saúde pública.

Por: Helton Winter. Diretor de Comunicação da Marambi Comunicação Estratégica e responsável pelo blog SmartBrick, dedicado à divulgação do tijolo modular estrutural, mais conhecido como tijolo ecológico.

É muito comum as pessoas considerarem o tijolo como um produto de pouco valor, feito apenas para encher espaços entre colunas. Apenas algo rígido o suficiente para dividir os ambientes internos dos ambientes externos.

Porém, o impacto ambiental dos tijolos (blocos) cerâmicos ou de barro fabricados nas cerâmicas tradicionais sobre o meio ambiente é devastador.

Trata-se de queima de lenha ou carvão, o que provoca desde o desmatamento até a poluição do ar e emissão de resíduos tóxicos que acabam alcançando os rios e córregos adjacentes às cerâmicas.

Tijolo ecológico. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental FBGA

Ou seja, o tijolo fabricado utilizando o calor é, apesar de necessário, altamente danoso ao meio ambiente como um todo, incluindo o ser humano, que dele faz uso recorrente.

Mas como reduzir a poluição e os danos causados pela construção civil ao meio ambiente?

Mesmo com os mais avançados métodos construtivos, utilizados pelas grandes empreiteiras, que se utilizam de diferentes métodos baseados em blocos de concreto e placas cimentícias, entre outros, o indivíduo que planeja construir sua própria casa, ou contratar um empreiteiro para isso acaba por utilizar o bloco cerâmico, que é um produto barato, leve, tem a reputação de ser fácil de assentar e de que até alguém sem conhecimento pode construir com facilidade.

O resultado se vê disseminado por todos os lados desde as capítais até as cidades do interior, onde as casas construídas neste método acabam ficando sem o acabamento externo de reboco, apresentando um cenário de poluição visual e acentuados riscos à saúde pública.

Tijolo ecológico. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental FBGA

A poluição visual, é apenas uma das consequências da má utilização do bloco cerâmico. Ao deixar as paredes sem o devido reboco e impermeabilização a casa pode tornar-se foco de proliferação de insetos e mofo, elevando a incidência de doenças que poderiam estar erradicadas.

Não é difícil observar isso. Basta simplesmente ir a um posto de saúde público e verificando as razões de as pessoas estarem ali.

O número de pessoas com problemas respiratórios e vítimas de insetos é alarmante. Em pesquisa informal realizada com diferentes públicos durante dois anos, notei um padrão de desinteresse e apatia no que diz respeito às más condições de moradia das pessoas em casas construídas com o bloco cerâmico, tanto dos moradores quanto das autoridades.

Vale ressaltar aqui que o problema de a casa estar “doente” não é o bloco cerâmico em si, mas o fato de que, por razões que vão de falta de dinheiro à falta de mão de obra e de educação e cultura, o morador não completa o processo construtivo do bloco cerâmico e acaba por sofrer as consequências.

Conforto termo-acústico

Devidos às características do tijolo modular estrutural, também conhecido como tijolo ecológico, obtém-se conforto termo-acústico, pois o calor exterior não é capaz de atravessar a parede, sendo direcionado para o alto, por onde saírá através dos dois dutos centrais.

Já o ruído exterior, devido à alta densidade do tijolo, não reverbera dentro de casa, pois o tijolo vibra muito menos em relação ao bloco cerâmico e aos blocos de concreto.

A luz no fim do túnel

Tijolo ecológico. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental FBGA

A produção simplificada e ordenada, sem nenhum tipo de queima, sem fumaça e em ambiente limpo e ergonômico permitem que cada vez mais pequenas fábricas se instalem em todo o Brasil e América Latina.

Apesar de a tecnologia de fabricação do tijolo modular estrutural, conhecido como tijolo ecológico estar disponível no Brasil desde a década de 1960, sua aplicação nunca foi disseminada.

Porém, de cerca de dez anos para cá, a tecnologia de fabricação do tijolo ecológico teve forte evolução e redução de custos, levando pequenos construtores a adquirir equipamentos e iniciarem a fabricação em escala suficiente para começar a mudar a triste realidade de ter que viver em uma casa não concluída.

Um exemplo de desenvolvimento tecnológico em prol da máxima produtividade e expansão da tecnologia de construção baseada em tijolo ecológico é a Alroma Máquinas, localizada em Palmas – PR.

Com vendas em alta, cada máquina instalada evita a fabricação de centenas de milhares de blocos cerâmicos, blocos de concreto e outras técnicas pouco eficientes, de custo elevado e, em última análise, poluentes.

Tijolo ecológico. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental FBGA

Dutos de água e energia e ferragens totalmente integrados às paredes. Os dutos internos são utilizados para, além de dissipar o calor, a passagem de eletrodutos e encanamento, tornando o processo construtivo muito mais prático e rápido, além de ser muito mais organizado e livre de retrabalho.

Mas não é só a Alroma que vem agregando tecnologia à construção civil e reduzindo os danos ao meio ambiente. A Ecomáquinas, localizada em Campo Grande – MS, produz uma linha de máquinas e equipamentos para fabricação de tijolos ecológicos e também se encontra em plena expansão, o que já nos permite respirar um pouco mais aliviados quanto ao futuro da construção civil residencial, baseada em menos poluição, não devastação, conforto e respeito à saúde dos seres humanos.

Tijolo ecológico. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental FBGA

Redução de materiais básicos e de acabamento

Devido ao acabamento externo do tijolo modular estrutural, há uma redução significativa no uso de areia e cimento, pois dispensa totalmente a aplicação de chapisco e reboco, limitando-se ao rejunte e pintura, ou impermeabilização.

Com isso, há uma significativa redução de custo com materiais e mão de obra, permitindo que possa haver uma sobra de dinheiro ao final da empreita, ou pelo menos que a obra possa ser finalizada, preservando a saúde das pessoas e reduzindo a poluição visual.

Mas nem tudo são flores

Devido ao alto custo de frete e da relativa escassez de fabricantes de tijolos ecológicos, ainda há muito o que fazer no sentido de melhorar a qualidade de vida das pessoas e ao mesmo tempo reduzir ao máximo a agressão ao meio ambiente pela construção civil.

Porém, com o devido apoio de prefeituras e organizações não governamentais é possivel transformar a paisagem e melhorar drasticamente a qualidade do ar através da utilização do tijolo modular estrutural na construção de casas populares, conjuntos habitacionais horizontais e prédios públicos.

No Brasil e em diversos países ainda se faz necessário o poder público adotar um avanço tecnológico em prol do meio ambiente e do social de forma a gerar a massa crítica necessária para a definitiva troca de tecnologia, seja construtiva, social ou de transporte.

Tijolo ecológico. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental FBGA

Hoje ainda poucas pessoas constroem suas casas com tijolos ecológicos, por desconhecimento da tecnologia ou, quando já a conhecem e quere usá-la esbarram na questão do frete e financiamento.

Em geral são casas em sítios e chácaras e esparsamente distribuídas pelos bairros de cidades do interior. Na região sul do Brasil, devido ao enrijecimento da aplicação das leis ambientais, muitas olarias e cerâmicas estão impedidas de continuar com suas atividades, abrindo o caminho para as fábricas de tijolos ecológicos, o que resulta em menos poluição, menos pressão sobre os serviços públicos de saúde e uma apresentação visual das casas muito mais agradável aos olhos.

O fator econômico

Considerando-se a geração de empregos qualificados, a economia de recursos naturais, a preservação da saúde e do meio ambiente, bem como a velocidade de construção e entrega das casas construídas com tijolo ecológico, certamente um incentivo financeiro tanto dos governos quanto das instituições financeiras traria grandes benefícios à economia e à sociedade.

Tijolo ecológico. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental FBGA

Um melhor ambiente de moradia certamente melhora o humor e a saúde, resultando em menos gastos nesse sentido e em um maior consumo de produtos e serviços adicionais, como compra de móveis e decoração, construção de piscina ou área de lazer, investimento em estudo, turismo, etc.

Segundo David Cintra da fabricante de tijolos Ecolojit, localizada em Itupeva – SP, “a produção diária é constante e houve até um aumento de pedidos, porém ainda há muito espaço para expansão nesta área”.

Contato para palestras e informações: Helton Winter
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