Por: Daniel Gonçalves.

A mobilidade urbana se tornou a maior tendência mundial da indústria automotiva. Você já se imaginou morando em uma cidade onde o setor público e privado promovem projetos com veículos elétricos para transporte público, redução de custos, ruídos, poluentes que são causadores do aquecimento global e mudanças climáticas onde o transporte público funciona de verdade? Imagine as pessoas se deslocando, com facilidade, para vários bairros de metrô ou transporte a energia limpa interligados. Para aqueles que optam por pedalar, estão à disposição mais de 700 quilômetros de ciclovias espalhadas por todos os cantos. Tudo isso parece utopia, mas não é.

Essa cidade existe e se chama Estocolmo, capital da Suécia, que ganhou o prêmio de Cidade Verde Europeia em 2010. Ela apresenta a maior percentagem de veículos não poluentes na Europa e 75% da rede de transportes públicos recorre a energias renováveis. Até 2050, o governo planeja ficar completamente livre de combustíveis fósseis, o que significa que todas as emissões relacionadas ao aquecimento público e privado, aos veículos e ao uso da eletricidade serão reduzidos a zero.

O uso de energia limpa é muito mais vantajoso para os consumidores. A energia limpa é mais econômica, eficiente e competitiva que os combustíveis fósseis. Para exemplificar, a eficiência de um veículo movido a energia elétrica supera os 80%, enquanto os movidos a combustão não utrapassam os 20%. Isso sem levar em consideração que os veículos elétricos possuem menos peças e tem menor custo de manutenção comparado aos de combustão.

Nos primeiros meses de 2018, Noruega, Suécia e Dinamarca já tinham uma fatia de 30% de market share dos elétricos. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que, em 2030 cerca de 30% de todos os veículos vendidos no mundo serão elétricos. Esse aumento das vendas acelerará a queda nos preços desses veículos, tornando muito mais atrativo que os veículos a combustão.

Como esperado, a China lidera essa agenda do uso de energia limpa para a mobilidade urbana. A cidade de Shenzhen, denominada como capital das novas tecnologias da China, com 12 milhões de habitantes, anunciou em 2017 que 100% da frota de ônibus da cidade seria de elétricos, com um total de 16.359 ônibus. Para surpreender ainda mais esse anúncio, foi informado que toda a frota da polícia e unidades dos correios além dos 12.518 táxis são elétricos também, isso em 2017, um belo exemplo para o país e para o mundo.

Para acompanhar as tendências e desenvolvimento sustentável, Paris liderou na COP21 as assinaturas de medidas para promover energia limpa e mobilidade urbana elétrica em conjunto com mil cidades do mundo. Paris, Londres, Milão e Oslo foram exemplos ao criar as zonas de baixa emissão nas cidades. Estas cidades estipularam metas entre 80% e 100% para frotas do transporte público até 2030, junto com o anúncio de incentivos financeiros para o setor, como a redução ou isenção de algumas taxas (IPVA, estacionamentos e pedágios).

O cenário de avanço pelo mundo, grande maioria os países de primeiro mundo, é muito promissor. O Brasil de forma ainda tímida começa a se inserir neste cenário global. Algumas cidades e estados brasileiros estão tomando a frente para acelerar o processo e desenvolvimento de veículos elétricos e sustentáveis.

São Paulo, como esperado, foi a primeira cidade a ter parte de sua frota elétrica, em novembro de 2019, a cidade apresentou lotes de 15 ônibus 100% elétricos distribuídos pela cidade. Os novos ônibus entregam até 250 quilômetros de autonomia, segundo a montadora, alcance suficiente para que rodem o dia inteiro, retornando somente à noite para recarga. Os veículos precisam de três a quatro horas para recarregamento total das baterias. A energia de abastecimento virá de fonte limpa gerada a partir de uma fazenda de células fotovoltaicas no interior de São Paulo. De acordo com a montadora, os ônibus elétricos proporcionam custos operacionais 70% menores em relação ao ônibus convencional a diesel. O abastecimento elétrico chega a representar 25% do valor gasto com o diesel. Depois, o menor número de peças e componentes reduz a conta da manutenção, o que também se traduz em disponibilidade.

Os veículos entregues são de piso baixo e trazem ar-condicionado, conexão wi-fi, tomadas USB, monitoramento por câmeras e dispositivo de acesso a cadeirantes, conforme especificações técnicas da SPTrans.

Campinas, município do estado de São Paulo com 1,2 milhão de habitantes, 14ª cidade mais populosa do país, maior que muitas capitais brasileiras, terá um transporte à altura de seu gigantismo e importância. Em 2014, Campinas iniciou a coleta de dados e informações para embasar atender à Lei da Mobilidade Urbana. Entre 2014 e 2015, a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) firmou parceria com um órgão colegiado de renome internacional, a WBCSD – World Business Council for Sustainable Development, visando identificar ações para melhorar as práticas de mobilidade urbana e sustentável no município. Os estudos oriundos da parceria deram subsídios para a proposta final do Plano de Mobilidade Urbana.

Os números do novo sistema são expressivos: numa época em que a questão ambiental está presente nos debates que envolvem o setor de transporte público, Campinas inova ao projetar que metade da futura frota do transporte público, totalmente renovada, será composta por ônibus elétricos. As informações são do secretário municipal de Transportes e presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (EMDEC), Carlos José Barreiro. O secretário reflete o edital da licitação lançado 26 de novembro de 2019, que renovará o sistema de transporte coletivo da cidade. Ele promete que Campinas terá a maior frota de ônibus elétricos da América e a segunda maior frota de ônibus elétricos do mundo, perdendo apenas para China.

A eficiência de um veículo movido a energia elétrica supera os 80%, enquanto os movidos a combustão não ultrapassam os 20%. (…) Os veículos elétricos possuem menos peças e tem menor custo de manutenção comparado aos de combustão.

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