Segundo agência da ONU, degradação do Meio Ambiente incentiva o surgimento de enfermidades como Covid-19

Por Daniel Vaz, e-mail: daniel.vaz@crecesbrasil.org

          O Planeta Terra paralisado por um vírus, que afetou mais de dois milhões de pessoas e levou à morte cerca cento e vinte mil. Esse cenário caótico bem que poderia ser apenas a inspiração para algum estúdio de Hollywood, mas é a realidade que estamos enfrentando no momento, ainda sem perceber um horizonte seguro de volta do que pudemos chamar algum dia de vida normal.

          A sétima arte, que ajuda a nos distrair durante o necessário isolamento social que devemos respeitar, serviu de inspiração para esse artigo, especialmente o tema que gerou o filme Efeito Borboleta, lançado no Brasil em 2004. O protagonista era Evan, interpretado por Ashton Kutcher, que volta ao passado com a ideia de alterá-lo, gerando inevitáveis consequências em seu futuro.

          Essa é a base do conceito da teoria do caos, formulada pelo cientista Edward Lorenz, e está presente na declaração recente do chefe para a Vida Selvagem no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),  Doreen Robinson: “os seres humanos e a natureza fazem parte de um sistema interconectado…contudo, como acontece com todos os sistemas, precisamos entender como esse funciona para não exagerarmos e provocarmos consequências cada vez mais negativas”,

          Ainda temos muito a conhecer sobre a origem do Coronavírus e suas consequências. Porém, epidemias e pandemias anteriores, como o Ebola, a gripe aviária, o Vírus Nipah, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), e o Zikavírus, surgiram devido à atividade humana e a degradação do meio ambiente.

          Cientistas sugerem que habitats degradados podem incitar processos evolutivos mais rápidos e diversificar doenças, como o que ocorreu, segundo o PNUMA no surto de Ebola ocorrido na África, resultado de perdas florestais que levaram a vida selvagem a se aproximar dos assentamentos humanos. No mesmo caminho, a gripe aviária está relacionada à criação intensiva de aves e o Vírus Nipah surgiu devido à intensificação da suinocultura e à produção de frutas na Malásia.

          Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os morcegos são os mais prováveis transmissores ​​do COVID-19, mas é possível que o vírus tenha sido transmitido aos seres humanos a partir de outro hospedeiro intermediário, seja um animal doméstico ou selvagem, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, em inglês) foi transmitida de gatos domésticos para seres humanos, ou a Síndrome Respiratória do Oriente Médio, que passou de dromedários para humanos.

          A Agência da ONU para o Meio Ambiente lista seis pontos, que nos levam a entender melhor a relação das questões ambientais com o que estamos vivendo atualmente:

  1. A interação de seres humanos ou rebanhos com animais selvagens pode nos expor à disseminação de possíveis patógenos (organismos que são capazes de causar doença em um hospedeiro), e servem de ponte epidemiológica entre a vida selvagem e as doenças humanas;
  2. Os fatores determinantes do surgimento de zoonoses são as transformações do meio ambiente, geralmente resultado das atividades humanas, que vão desde a alteração no uso da terra até as mudanças climáticas;
  3. As doenças associadas aos morcegos surgiram devido à perda de habitat por conta do desmatamento e da expansão agrícola. Esses mamíferos desempenham papéis importantes nos ecossistemas, sendo polinizadores noturnos e predadores de insetos;
  4. A integridade do ecossistema evidencia a saúde e o desenvolvimento humano. As mudanças ambientais induzidas pelos seres humanos modificam a estrutura populacional da vida selvagem e reduzem a biodiversidade, resultando em condições ambientais que favorecem determinados hospedeiros, vetores e/ou patógenos.
  5. A integridade do ecossistema também ajuda a controlar as doenças, apoiando a diversidade biológica e dificultando a disseminação, a ampliação e a dominação dos patógenos.
  6. É impossível prever de onde ou quando virá o próximo surto. Temos cada vez mais evidências sugerindo que esses surtos ou epidemias podem se tornar mais frequentes à medida que o clima continua a mudar.

          Ainda é impossível apontar todas as consequências dessa pandemia global em nossas vidas. No entanto, apoiados na ciência, podemos compreender melhor as causas e os efeitos desse fato único, que deve transformar a vida no Planeta e das pessoas que nele habitam, sendo urgente a mudança da forma que nos relacionarmos com o meio ambiente.


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