Por: Mário Gravem Borges

Novos tempos, novas palavras. Novos arranjos para velhos discursos. Mobilizações recentes no mundo e no Brasil podem representar novas posturas. As sociedades modernas pós-guerra(s) pós modernas e contemporâneas abriram espaço para discussões que em outras épocas não avançavam. Greta Thunberg acaba de mobilizar a cidade de Bristol, Inglaterra, prometendo uma campanha maciça, sem tréguas, para defender o planeta Terra. Cidade conhecida pela sua dianteira em muitos temas da atualidade, Bristol parou, e levou crianças e adolescentes para ver e ouvir a escandinava de 19 anos proferir discursos e participar de debates. Estaremos chegando a uma unanimidade?

Mesmo sabendo que movimentos pendulares oscilam para dois lados, sustentabilidade, ecologia, igualdade social, saúde, educação – e mesmo cultura (às vezes esquecida) – são palavras obrigatórias em quaisquer pronunciamentos. Integram, hoje, em caráter permanente, o discurso quotidiano. Esferas políticas, empresariais, acadêmicas e religiosas de todos os países, embora não no mesmo grau nem apontando para os mesmos exemplos, tratam desses temas como elementos basilares de suas agendas de governo. Não há mais como fugir dessa discussão, que, se compactada em diferentes vieses da vida urbana nas sociedades inclusive pós-industriais (conceito ainda controverso, claro), poderá constituir hegemonia. Talvez ainda não, mas logo.

Há confissões religiosas – a Católica Romana, Anglicana, Luterana, Presbiteriana e outras,-  que ostensivamente militam pela preservação do Meio Ambiente. E há aquelas que não. Em geral, as neo-pentecostais, adeptas dos variados matizes neo liberais das teologias de prosperidade, se opõem – quando não abertamente combatem – posturas de preservação. Mesmo assim, sabemos que o mundo mudou, pelo menos no discurso, e seria leviano achar que não. A caça e pesca livres e indiscriminadas – elementos habituais no passado – poluição de rios e mares com dejetos quaisquer, e mesmo crueldade contra animais, virou crime.

Cumpre lembrar que em alguns lugares em épocas passadas sempre foi. Podemos por exemplo citar o designer e pensador brasileiro Aloísio Magalhães, grande artista, que, ainda nos anos 1970, escreveu, em seu livro “E Triunfo?” sobre a homônima cidade pernambucana. O artista a apontava como portadora de uma cultura diversificada e enlaçada de tal forma que   sustentabilidade (a palavra usada foi outra) se garantia pela dinâmica da interdependência. Por uma cultura enlaçada em seus matizes, vieses e funções, enxerga-se mais. 

A presença da Arte como matriz geradora de substância tanto quanto a Ciência é tão antiga quanto o Homem. Em ambas há descoberta e invenção. A diferença entre as duas pode residir não apenas na essência do processo e na natureza do que resulta, mas também mais. Seria ingênuo, e improdutivo, atribuir à Arte, hoje, atributos e funções que ela não tem. Tentativas nesse sentido, quando ensaiadas no passado, fracassaram. Mas negar sua capacidade de impactar seria igualmente equivocado. Nas palavras da artista Renina Katz, “A Arte convulsiona a alma”. Pintora, gravadora, colega docente de Aloísio Magalhães na ESDI, escola de Design carioca que ficou entre s 60 melhores do mundo nos 1979, representante do Brasil na Bienal de Veneza e ilustradora de livros de Jorge Amado (“Os Subterrâneos da Liberdade”) , Renina, artista plástica e  visual, talvez, melhor do que ninguém, pudesse dizer de fato, que a Arte convulsiona a alma; talvez nisso o próprio proferimento da condição humana e sua narrativa, sua dor, seus encantamentos e expansão. Que melhor despertar senão esse?             

Nas palavras da artista Renina Katz, “A Arte convulsiona a alma”.

Mário Gravem Borges é egresso da ESDI, RJ, (eleita entre nos anos 80 pela imprensa estunidense entre 40 melhores escolas de Design no mundo); com pós-graduação em Ergonomia no University College, London University, e extensão em Desenho, Pintura e História da Arte no Chelsea-Westminster Institute, Londres RU, foi um dos únicos artistas brasileiros vivos a realizar exposição individual no Institute of Contemporary Arts ICA Londres e foi também um dos únicos brasileiros ter obra referente à sua cidade de origem selecionada por júri independente (presidido por Nicholas Usherwood, crítico de arte e curador na Royal Academy e na Tate Gallery de Londres) exposta, publicada e vendida em leilão da Chistie’s International Auctioneers, Reino Unido, RU. Foi também citado como investimento em artigo sobre 40 artistas com atelier em Londres, de John Russel Taylor, crítico, historiador e autor, The London Gentleman Magazine, 1987. Em Campinas, representou  eleito por três mandatos, área de Artes Plásticas no CMC, Conselho Municipal de Cultura, 1992-1996 e também 2010 a 2017. Cofundador e gestor do Brazilian Contemporary Arts Trust, RU, único na época, hoje BCA,Londres,1981-83, segundo da crítica de arte e jornalista Radha Abramo. Obras em coleções particulares e públicas.

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