Por Anna Del Mar

A pandemia do novo Coronavírus é um grande desafio para os governos de todos os países afetados. Organizações, redes, bancos de investimento e diferentes níveis de governo estão se unindo em torno de soluções para o enfrentamento à Covid-19 e têm muito que aprender uns com os outros a partir de ferramentas, estudos, projetos e iniciativas públicas que estão sendo implementadas.

Alguns dos aprendizados que a crise permite extrapolar para outras agendas é que sistemas de saúde bem financiados e equitativos, aliados a estratégias de prevenção, com a colaboração de todas e todos, podem ser mais resilientes. 

E os governos locais têm papel chave nesse momento, no trabalho de comunicação com as pessoas para que a cooperação permita o tempo de preparação necessário aos sistemas e, em paralelo, rapidamente preparar sua infraestrutura e profissionais para resposta.  

De acordo com o capítulo “Zoonoses: linha tênue entre doenças emergentes e saúde ecossistêmica” do relatório Fronteiras 2016 sobre questões emergentes de preocupação ambiental do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente;  cerca de 60% das doenças infecciosas humanas e 75% das doenças infecciosas emergentes são zoonóticas, ou seja, transmitidas através de animais.

A ligação entre a transformação ambiental (desde alteração no uso da terra à mudança climática) e sua relação com as pandemias como a do novo Coronavírus, foi um dos temas centrais da discussão da primeira sessão da série Webinars ICLEI Covid-19, que teve a participação de Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudança do Clima, e de João Resch, Secretário de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência da Prefeitura de Salvador, da Prefeitura de Salvador.  

“A ciência aponta com clareza que as crises de perturbação do mundo ecológico geram a oportunidade de um microorganismo migrar de um bioma e atingir humanos; e a conectividade global espalha o patógeno de maneira explosiva”, explica Nobre.

O cientista alerta ainda que temos hoje na Amazônia elementos que perturbam e estressam todo o ecossistema – fogo, desmatamento, trânsito intenso de mineração e grilagem ilegal – e que podem gerar epidemias e pandemias como o novo Coronavírus. “Somado a isso, a mudança climática pode tornar a Amazônia um cerrado sem vida”, complementa o climatologista. 

Para além da esfera sanitária, os impactos da pandemia global da Covid-19 surtem efeitos sociais e econômicos.

Para restabelecer a economia será necessário encontrar trajetórias de sustentabilidade. “A saída da pandemia tem que ser pela economia verde. Não há nenhuma evidência que mudarmos para energias renováveis causa prejuízo econômico, ao contrário, elas já são as fontes mais baratas de energia no mundo e com muito menos impacto. O impacto econômico tem que levar as economias em direção a sustentabilidade. Temos que dar um salto disruptivo na trajetória da sustentabilidade”, declara Nobre.

Nesse contexto, governos locais vêm tomando a liderança nas discussões e implementações de políticas públicas que consideram os efeitos da mudança climática no planejamento urbano.

“Salvador está na vanguarda das discussões da mudança do clima, semana passada lançamos nosso segundo inventário de emissões de gases de efeito estufa, é um documento aprimorado e conseguimos identificar que houve um decréscimo nas emissões por transporte. O que indica que houve uma mudança significativa nos modelos de transporte público”, explica Resch.

“Estamos finalizando o plano de ações climáticas para embasar uma política pública e fazer Salvador, até 2049, ser carbono zero”, adiciona o Secretário de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência da Prefeitura de Salvador, da Prefeitura de Salvador.

Realizada em parceria com o CB27, a Fundação Konrad Adenauer, RAPS, C40, IDS e GCoM; a série Webinars ICLEI Covid-19 tem a finalidade de servir como espaço de troca para o debate de como podemos (re)construir melhor o futuro que queremos para nossas cidades no ‘novo normal’ que emergirá. Por meio dos encontros online e da publicação de radares periódicos o ICLEI América do Sul busca compartilhar as melhores referências e informações para embasar os processos de tomada de decisão para as respostas imediatas e para (re)construção futura.

Todos os episódios da série contarão com a participação de especialistas, instituições parceiras e cidades da rede. Confira na íntegra como foi a primeira sessão:


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