Por: Rodrigo Perpétuo

Rodrigo Perpétuo - ICLEI - Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental FBGA

Minha trajetória no ICLEI América do Sul começou em 2016 e desde o início tenho um olhar muito atento sobre o valor que uma rede de cidades precisa devolver ao seu associado. Nosso objetivo é fomentar o desenvolvimento urbano sustentável ampliando o protagonismo de municípios e regiões. E fazemos isso oferecendo apoio técnico e recursos através de nossos esforços de articulação.

Somos uma organização cada vez mais qualificada para ser um facilitador de diálogos intersetoriais dentro dos governos e também para alçar os governos locais para o plano internacional com uma agenda muito bem definida de comprometimento e implementação dos marcos globais da sustentabilidade.

Ao trazermos conosco parceiros da sociedade civil, da academia e do setor privado, estamos possibilitando a transversalidade e incidência em todas as esferas de atuação do governo municipal ou regional.

Eu recolhi da minha experiência na área de relações internacionais que dinâmicas de intersetorialidade e transdisciplinaridade são difíceis para os governos. Muitas vezes o grande mérito da articulação é juntar secretarias que possuem projetos com grande sinergia, mas que estão afastadas por algumas práticas locais que impedem uma maior fluidez e limita as possibilidades de dinâmicas mais contemporâneas de troca, interação e inspiração.

Nossa Rede e equipe de especialistas trabalham juntos oferecendo acesso a conhecimento, parcerias e capacitações para gerar mudanças sistêmicas em prol da sustentabilidade urbana. Influenciamos as políticas de sustentabilidade e impulsionamos a ação local para o desenvolvimento de baixo carbono, baseado na natureza, equitativo, resiliente e circular.
Hoje já contamos com 75 associados na região e estamos expandindo, pois queremos fomentar a troca, somar forças e fortalecer os governos locais a partir da nossa atuação em rede.

Rodrigo Perpétuo, secretário-executivo do ICLEI América do Sul.

A atuação do ICLEI em Campinas

Desde 2015, o ICLEI América do Sul apoia a cidade de Campinas no fomento de diálogos multiníveis, cooperação técnica e intercâmbio de conhecimentos, entre os 20 municípios que compõem sua região metropolitana, por meio de projetos e suporte técnico.

Para avançar no caminho de desenvolvimento baseado na natureza, a Rede apoia a construção de uma Área de Conectividade Metropolitana para fomentar a conservação da biodiversidade da região, a manutenção dos processos ecológicos, a prosperidade social econômica e cultural e o aumento da capacidade de resiliência frente às mudanças do clima.

Este trabalho é desenvolvido com apoio do projeto INTERACT-Bio, liderado pelo ICLEI com apoio da Iniciativa Internacional do Clima (IKI) do Governo Alemão, que tem como objetivo incorporar aspectos da biodiversidade nos instrumentos de planejamento, de forma a promover o desenvolvimento baseado na natureza junto às comunidades urbanas das regiões metropolitanas de Campinas, Belo Horizonte e Londrina, no Brasil.

Recentemente, a Área de Conectividade da Região Metropolitana de Campinas (RMC) foi incluída pela Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (EMPLASA) no Caderno Preliminar de Propostas do Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI) da RMC.

Essa é uma importante conquista, pois representa a inclusão de uma proposta construída participativamente por técnicos ambientais das 20 prefeituras da RMC em um instrumento de planejamento urbano metropolitano. Essa ação também integra o Programa RECONECTA-RMC da Prefeitura Municipal de Campinas.

No âmbito do enfrentamento à mudança do clima, Campinas realizou, com o suporte da equipe técnica do ICLEI América do Sul e a empresa Waycarbon, o primeiro Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa da sua região metropolitana. O trabalho é fundamental para fomentar o diálogo multinível e ampliar a cooperação entre os líderes políticos e técnicos da região.

O processo da elaboração do inventário começou em 2015, quando a cidade lançou o protocolo de intenções para construção da ferramenta.

Apresentação do estudo na Sala Azul, durante o evento Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Na foto, a direita para a esquerda: Gustavo Müssnich, Arly de Lara Romeu, Luiz Carlos Rossini, Rogério Menezes, Henrique Magalhães Teixeira, Jaime Cruz, Bruna Cerqueira e Antonio Carlos Sacilotto
Apresentação do estudo na Sala Azul, durante o evento Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Na foto, a direita para a esquerda: Gustavo Müssnich, Arly de Lara Romeu, Luiz Carlos Rossini, Rogério Menezes, Henrique Magalhães Teixeira, Jaime Cruz, Bruna Cerqueira e Antonio Carlos Sacilotto

Já em 2018, foram iniciadas as atividades e realizados seminários, capacitações, oficinas e uma consulta pública a partir dos resultados do inventário, que coletou contribuições de pessoas físicas e entidades públicas que apoio no aprimoramento técnico dos resultados obtidos.

Além do cálculo de emissões, a equipe do ICLEI contribuiu para a elaboração do Plano de Ação Climática da cidade que, lançado este ano, definiu a meta de redução de emissões em 31,6% até 2060.

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