Realizada por: Leonardo Tiroli – Presidente FIE
Pensando na melhoria dos eventos e em levar mais conhecimento aos membros do Ecossistema, Leonardo Tiroli, Presidente do FIE – Fórum de Internacionalização de Empresas, evento que ocorre mensalmente em Campinas e que passou a ser 100% online com a Pandemia do COVID 19, decidiu realizar uma série de entrevistas , trazer conteúdos atuais e relevantes para seu público, para que eles possam entender e absorver mais informações para aplicar nos seus projetos nacionais e internacionais e chegar no 19º FIE deste mês, preparado (a) para os conteúdos!
Este mês o tema é SUSTENTABILIDADE E NEGÓCIOS INTERNACIONAIS, e portanto, decidiu-se trazer conteúdos e se levar levar conhecimento acerca de uma análise global de SUSTENTABILIDADE, através de um encontro com especialistas com visão e atuação nacional e internacional.
Neste primeiro encontro o convidado é Daniel Vaz, debatedor no 19º FIE, representando a Academia.
Confira a entrevista com um dos convidados do 19º FIE – Fórum de Internacionalização de Empresas, que terá como tema central a sustentabilidade. Daniel Vaz é Publicitário e Mestre em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero. Fez parte do Conselho Nacional de Juventude, do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta – Rádio e TV Cultura, da Secretaria-Executiva da Seção Brasileira de Participação Social em UNASUL – União Sul-Americana de Nações; e MERCOSUL – Mercado Comum do Sul. Atualmente lidera o Núcleo Brasil do CRECES – Centro Regional para Cooperação em Educação Superior.
Fale um pouco sobre o CRECES, instituição que você representará no 19º FIE
O CRECES é uma iniciativa que tem como objetivo estabelecer, a partir da cooperação universitária, um espaço comum de debate, intercâmbio e de diálogos, que articulem iniciativas que promovam a inter-relação da Educação Superior com outros setores da sociedade, que entendam a importância do trabalho conjunto em torno da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em todos os níveis. Sou responsável por liderar o Núcleo Brasil, que está localizado na Universidade Municipal de São Caetano do Sul, a partir de acordo firmado entre a UNESCO-IESALC (Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina el Caribe).
Como você vê essa interação e integração entre governo, academia, entidades empresariais e empresas, promovida pelo FIE, dentro do contexto das 17 ODS?
Vejo como algo estratégico para o desenvolvimento econômico, social e ambiental de cidades e regiões. Aquelas localidades que conseguem construir projetos liderados em harmonia entre esses 3 setores, adquirem novas capacidades de evolução das suas potencialidades, porque reúnem a inteligência acadêmica aplicada na realização de projetos de pesquisa, a estrutura para replicar e explorar comercialmente as soluções criadas, e a condição de regular e oferecer estímulos legais de fomento e apoio que favoreça o estabelecimento de ambientes de inovação tecnológica, criativa, colaborando para a prosperidade daquele local.
Existem muitos casos de sucesso que utilizam essa fórmula, mas ainda em número insuficiente ao que necessitamos para um crescimento acelerado do nosso país. Iniciativas como o FIE tem o papel de estimular a adoção da agenda representada pelos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, essa é uma excelente rota a ser seguida por quem deseja implantar processos sustentáveis que possuam impacto econômico, sejam estimuladores da geração de inteligência e conhecimento, orientados pela utilização racional dos recursos naturais e ao bem estar humano.
O CRECES realizou em 2019 um grande encontro internacional sobre mobilidade urbana, que reuniu universidades, empresas e poder público nesse debate, conte-nos como foi essa iniciativa:
Realizamos em São Caetano do Sul o V Encontro Ibero-Americano sobre Mobilidade Urbana Sustentável. Esse evento, que anteriormente passou por Barcelona, Bogotá, Lima e Quito, reuniu representantes de 10 países, envolvendo de maneira ativa representantes dos 3 setores mencionados, entre as instituições participantes estiveram a General Motors do Brasil, a empresa de transporte metropolitano de Barcelona, a Frente Nacional de Prefeitos e a Federação Ibero-Americana de Urbanistas.
Os debates que ocorreram buscaram refletir sobre alternativas de transporte e mobilidade que sejam amigáveis com o desenvolvimento sustentável, a partir do estimulo ao uso de energias limpas e de fontes renováveis de energia, entendendo a tecnologia como aliada fundamental para o alcance de soluções que construam as condições de implantação de projetos que tenham esse sentido.
Percebemos mais uma vez que a efetividade de ações realizadas em aliança entre setores é muito maior do que quando buscamos envolver somente aqueles em que atuamos, pois os ODS são uma agenda multissetorial estratégica para a sociedade global. Por esse motivo, é importante a participação de empresas, universidades e poder público, trabalhando em colaboração e sintonia para o alcance de um modelo de desenvolvimento econômico, social e ambiental inclusivo e sustentável.
Em sua opinião, o que o Brasil precisa fazer para que possamos promover uma maior aproximação da academia, junto ao mercado, como acontecem em grandes centros globais, como Estados Unidos e Alemanha?
Existe muito a ser feito, vamos explorar mais esse assunto durante nossa participação no 19º FIE. Creio que o principal é o desenvolvimento de processos que estimulem a aproximação desses 2 segmentos em ações concretas, que respeitem a natureza tanto das empresas como das universidades.
Muitas pesquisas são realizadas em colaboração com centros localizados em instituições localizadas em outras partes do Brasil ou do mundo, onde não há uma competição entre os participantes sobre qual deles irá encontrar primeiro o resultado buscado. Há uma parte importante de estudos que não resultam em uma resposta concreta sobre um determinado problema, tratam de questões filosóficas e de finalidades difusas. A formação universitária não enfoca apenas em preparar as pessoas para o mercado de trabalho, uma preocupação fundamental é também prepará-las para a vida.
Por outro lado, as empresas necessitam gerar lucro nas suas operações para continuar existindo, obtido pela oferta de um produto ou serviço, que atenda de maneira especial uma necessidade do seu público consumidor. Tal solução pode ser criada em parceria com uma universidade ou centro de pesquisa, beneficiando todas as instituições envolvidas.
Essa é uma questão complexa de ser respondida, porque envolve, além do que apresentei acima rapidamente, uma série de aspectos culturais, legais, estruturais, econômicos e de visão de mundo particulares de cada país; Estados Unidos e Alemanha apresentam modelos locais sobre essa relação mais evoluídos do que o Brasil, com parâmetros estabelecidos há muito tempo, o que ajuda muito a que esse processo de relacionamento funcione bem.
O mundo enfrenta atualmente a pandemia do COVID-19, como está sendo a participação das universidades no combate e na busca de soluções para esse mal?
A academia brasileira e do mundo vem contribuindo de maneira extraordinária para o combate ao coronavírus, seja na atenção direta, promovida pelos hospitais universitários, na produção de insumos, realização de testes, estudos epidemiológicos, entre outras ações. É possível, inclusive, que a vacina seja descoberta em um laboratório dentro de alguma universidade brasileira ou de qualquer outro país.
Ao mesmo tempo, buscaram adaptar-se a esse novo cenário, adotando de maneira massiva as redes conectadas como meio de realização de aulas e outras atividades acadêmicas, eu mesmo terei nos próximos dias a experiência de participar pela primeira vez de uma banca de mestrado que será realizada por videoconferência.
Não me surpreende a capacidade de adaptação de grande parte das instituições de educação superior, creio que a sociedade irá valorizar ainda mais esses centros de produção de conhecimento e formação humana depois de superarmos essa crise global. A partir de processos de cooperação, é possível a realização de uma série de iniciativas em que esse capital da academia seja utilizado em aliança com setores privados e públicos em benefício da implantação de ações pelo desenvolvimento sustentável por todo o país.
Qual sua expectativa para sua participação no 19° FIE, durante o Think Tank FIE – Debate do Ecossistema de Internacionalização?
Minha expectativa é a melhor possível, será uma ótima oportunidade de compartilhar ideias com outros participantes, no sentido de construir caminhos inovadores para o relacionamento entre o Brasil e o mundo. Nesse sentido, processos de cooperação universitária no ambiente internacional tem a capacidade de gerar pontes que vão além das instituições de educação superior, podem ser benéficos também às empresas, tanto para seus negócios como para o aprimoramento da sua cultura organizacional.