Rio de Janeiro e Belo Horizonte são as cidades brasileiras listadas na A-List.

Por: Andreia Banhe, Manager Cities, States and Region Latin America.

Em 18 de fevereiro de 2020, 105 cidades foram reconhecidas como líderes globais em ações e transparência climática, conquistando um lugar na A-List de cidades do CDP. No ano passado, 43 cidades foram reconhecidas por sua liderança e transparência climática, em comparação com mais que o dobro deste ano, 65% das quais são recém-participantes.

A pontuação (Score) do CDP foi elaborada para incentivar as cidades a aumentar sua ambição e ação relacionadas à mudança do clima. O Score baseia-se nos dados reportados por mais de 850 cidades por meio do Sistema de Reporte Unificado CDP-ICLEI em 2019, e na metodologia de avaliação.

Por meio da plataforma unificada, as cidades medem e reportam dados ambientais importantes, tais como emissões de gases de efeito estufa (GEE), vulnerabilidades relacionadas ao clima e ações para reduzir as emissões e se adaptar aos riscos. Elas são classificadas de “A” a “D” com base na transparência, qualidade desses dados e no nível da ação adotada.

Para pontuar em “A”, a cidade precisa apresentar um inventário de GEE, demonstrar melhores práticas em adaptação e mitigação, ter metas ambiciosas e realistas bem definidas e demonstrar progresso para atingir essas metas. Por fim, apresentar planos estratégicos e abrangentes para assegurar que as ações que estão adotando reduzirão os impactos climáticos e a vulnerabilidade dos cidadãos, empresas e organizações instaladas na cidade.

Todas essas informações, para a América Latina, foram validadas pelo nosso parceiro local para score SASA SA Servicios Ambientais.

As cidades da A-List estão realizando três vezes mais ações climáticas do que as que não se encontram nessa lista. Isso representa cinco vezes mais ações para reduzir emissões e conter o aquecimento global, e duas vezes mais para se adaptar aos riscos climáticos atuais, desde inundações a ondas de calor “No ano da COP 26, a atenção do mundo é voltada para os governos estaduais para aumentar seus compromissos de redução de carbono. As cidades, no entanto, estão em uma posição única para realizar ações urgentes. Estas 105 cidades demonstram como fazer, dando um exemplo a ser seguido por outras, e nós as parabenizamos por sua posição de liderança”, comentou Kyra Appleby, diretora global de cidades, estados e regiões do CDP.

Para pontuar em “A”, a cidade precisa apresentar um inventário de GEE, demonstrar melhores práticas em adaptação e mitigação, ter metas ambiciosas e realistas bem definidas e demonstrar progresso para atingir essas metas.

“Os municípios latino-americanos deverão suportar grande parte do impacto do aquecimento global, levando os governos municipais a ter um papel importante nas atividades de gerenciamento de riscos climáticos e redução das emissões, uma vez que seus efeitos são sentidos no nível local. Na edição CDP Cities 2019, tivemos nove cidades da nossa região fazendo parte da A-List, enquanto em 2018, apenas uma. Os desafios são enormes, mas podemos perceber por meio dos resultados e análises, não somente dessas cidades, mas das demais 295 participantes, que os municípios estão dando uma resposta positiva no enfrentamento das mudanças climáticas”, completa Andreia Banhe, gerente CDP América Latina cidades, estados e regiões.

Exemplos de liderança climática de cidades da América Latina:

  • • Rio de Janeiro: A captura de biogás nos aterros que receberam e/ou recebem resíduos da cidade deixou de emitir cerca de 30% das emissões de metano do aterramento de resíduos do ano de 2017, o que equivale aproximadamente a emissão de 256 mil carros por 1 ano; e uma parcela desse biogás substituiu parte do gás natural usado por uma refinaria em um município vizinho.
  • • Belo Horizonte: A Prefeitura de Belo Horizonte tem como meta reduzir em 20% suas emissões até 2030 considerando o que foi emitido em 2007 (ano base).
  • • Monteria: Vulnerável a inundações extremas, a cidade amplia seu espaço verde urbano. Lançado em 2016, o programa “Cem Mil Árvores” estabelece a meta de plantar esse número preciso em Monteria. Apoiados por várias empresas, incluindo a Veolia, 80.500 foram plantadas ao longo das margens do rio Sinu e outras áreas de alto risco.
  • • Cidade do México: O Governo da Cidade do México envia resíduos domésticos inorgânicos com alto valor calórico para uma fábrica de cimentos ao invés de lançá-los em aterros. Além de reduzir custos, há uma estimativa de redução de emissão de mais de 470 mil toneladas de CO2 o que equivale a quase 100 mil veículos a menos na cidade.

Importante ressaltar que alguns municípios estão buscando fazer parte dessa lista, como por exemplo Campinas. A cidade reportou seus dados para o CDP e, no último ano, passou do score “C – consciência” para o score “B – Gestão”, que entende os principais riscos e impactos das mudanças climáticas e está adotando ações para se adaptar a esses impactos e reduzi-los.

Uma das ações responsáveis por elevar Campinas no ranking foi a elaboração do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e de Poluentes Atmosféricos da Região Metropolitana de Campinas, que aponta as emissões (tipo e quantidade) de cada um dos gases em todos os 20 municípios integrantes da RMC. Outras ações que contribuíram para o avanço na pontuação são a proximidade da universalização do saneamento básico; as políticas públicas para a redução de riscos e desastres — Campanha Cidades Resilientes; e o planejamento de áreas verdes municipais. De acordo com a cidade, o próximo passo, agora, é passar do nível de Gestão para o de Liderança com a definição de objetivos ambiciosos e, ao mesmo tempo, realistas para mitigação e enfrentamento das mudanças climáticas.

Desde o lançamento da plataforma de reporte para cidades em 2011, o número de Cidades que divulgaram seus dados ao CDP aumentou de 48 para 850, atualmente. Esse aumento acentuado reflete o número crescente de cidades que tomam medidas para liderar a transição para uma economia sustentável de baixo carbono.

FOTOS – Divulgação

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